sábado, 21 de abril de 2012

Para 27.04.12
MPEC Unifei 1/2012
Disciplina Tendências contemporâneas de currículo
Profa. Dra. Rita Stano

A minha compreensão sobre a aula de hoje
A escola é parte constituinte da sociedade, anda com ela nas mudanças de paradigmas, ajusta-se às transformações sociais mais do que as rege.
A um primeiro olhar, talvez devesse ser a escola a reger as transformações sociais; afinal, ela é um importante transmissor do conhecimento para a vida, para a atividade profissional e, mais do que tudo, para o ensino da reflexão crítica sobre a própria cultura que a elegeu como tal.
No entanto a alegoria “quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?” se aplica à perfeição a esta questão. Quem leva quem: a escola ou a sociedade? A sociedade ou a escola? Uma só comanda e a outra segue obedientemente atrás?
Não parece ser assim: tal como o ovo e a galinha, ambas são condutoras e conduzidas em diferentes momentos; ambas comandam e são comandadas, ora uma ora outra num balé que, se nem sempre é elegante, certamente sempre faz o espetáculo...
O que nem sempre elas sabem fazer é dançar com harmonia: o currículo, que personaliza a escola, oscila entre a tarefa de transmitir valores universais e a de acolher as necessidades particulares e estas duas tendências nem sempre são isentas de conflitos.
As discussões sobre currículo parecem se perder em inúmeras pequenas questões, mesmo supondo que a pergunta “para qual finalidade a escola ensina pessoas” tenha uma única resposta. E não tem: a escola ensina pessoas (quando o faz) para cumprirem o que deseja delas a estrutura social da época, estrutura essa em contínua mudança.
A escola, ao longo do tempo, já formou artistas, filósofos, cientistas, humanistas, políticos, artesãos, trabalhadores de fábricas, mas parece nunca ter podido formar pessoas críticas e participativas que elegem a busca da felicidade individual e coletiva como meta de vida... Nenhum conteúdo tal como “Afetividade”, “Exercício do perdão”, “Espiritualidade na vida diária”, “Cuidados com as pessoas”, “Amor”, “O valor dos sonhos e da utopia”, “O homem, a natureza e o universo”, para citar apenas alguns dos temas necessários à saúde da sociedade, já se viu na escola.
Na verdade o currículo se constrói, não a partir da necessidade social ou da escolha livre dos que conhecem sobre educação, mas a partir dos locos de poder que se estabelecem na sociedade.
A máxima “manda quem pode, obedece quem tem juízo” vale na construção do currículo escolar. As necessidades do mercado de trabalho, o capitalismo com as suas castas sociais, a globalização cultural crescente que nos induz a acreditar que o diferente é melhor, a tecnologia e a sua irmã gêmea, a descartabilidade, que nos fazem crer que precisamos urgentemente do último aparelho da série, a informação que precisa ser veloz porque se torna obsoleta rapidamente, todos estes fatores constroem o currículo escolar.
E aos professores, que papel cabe?
Se não o de construtores do currículo, ao menos (e já é muito, se for bem feito), o de interface entre o aluno (que tem que ser visto como cidadão) e o conhecimento. Interface crítica, sensível, afinada com o momento em que opera, com o universo com o qual se relaciona e, acima de tudo, intensamente envolvido com a construção de uma individualidade comprometida e crítica.
Fácil? Nem um pouco...
Mas quem disse que seria?     

Um comentário:

  1. Jamais será fácil pela complexidade das tensões que compõem o currículo. Porém, você expõe saberes que deveriam estar no currículo escolar. E por que não estão? Pois é...

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